VIOLÊNCIA NO NAMORO

A violência nas relações íntimas não é um fenómeno exclusivo das relações entre adultos. Um estudo realizado em Portugal com cerca de 4500 jovens com idades compreendidas entre os 13 e 29 anos revelou que 1 em cada 4 jovens relataram já ter sido vítima de algum tipo de conduta abusiva pelo/a namorado/a.

A Violência no namoro integra-se no quadro legal do crime de violência doméstica, no artigo 152º do Código Penal.

Tipos de Violência

Tanto a violência doméstica como a violência no namoro, englobam diferentes tipos de abuso, tais como:

• Violência emocional: qualquer comportamento do(a) companheiro(a) que visa fazer o outro sentir medo ou inútil. Usualmente inclui comportamentos como: ameaçar os filhos; magoar os animais de estimação; humilhar o outro na presença de amigos, familiares ou em público, entre outros.

• Violência social: qualquer comportamento que intenta controlar a vida social do(a) companheiro(a), através de, por exemplo, impedir que este(a) visite familiares ou amigos, cortar o telefone ou controlar as chamadas e as contas telefónicas, trancar o outro em casa.

• Violência física: qualquer forma de violência física que um agressor(a) inflige ao companheiro(a). Pode traduzir-se em comportamentos como: esmurrar, pontapear, estrangular, queimar, induzir ou impedir que o(a) companheiro(a) obtenha medicação ou tratamentos.

• Violência sexual: qualquer comportamento em que o(a) companheiro(a) força o outro a protagonizar actos sexuais que não deseja. Alguns exemplos: pressionar ou forçar o companheiro para ter relações sexuais quando este não quer; pressionar, forçar ou tentar que o(a) companheiro(a) mantenha relações sexuais desprotegidas; forçar o outro a ter relações com outras pessoas.

• Violência financeira: qualquer comportamento que intente controlar o dinheiro do(a) companheiro(a) sem que este o deseje. Alguns destes comportamentos podem ser: controlar o ordenado do outro; recusar dar dinheiro ao outro ou forçá-lo a justificar qualquer gasto; ameaçar retirar o apoio financeiro como forma de controlo.

• Perseguição: qualquer comportamento que visa intimidar ou atemorizar o outro. Por exemplo: seguir o(a) companheiro(a) para o seu local de trabalho ou quando este(a) sai sozinho(a); controlar constantemente os movimentos do outro, quer esteja ou não em casa.

A violência nunca é uma forma de expressar amor ou paixão por outra pessoa.

Os ciúmes não servem de justificação para qualquer comportamento violento.

Impacto de uma relação abusiva:

• Lesões físicas para as quais não apresenta explicação;
• Tristeza;
• Medo;
• Dificuldade de concentração e memória;
• Dificuldade em dormir;
• Dificuldade em tomar decisões;
• Desconfiança face aos outros;
• Diminuição da autoconfiança;
• Mudança brusca nos comportamentos habituais;
• Afastamento em relação aos amigos;
• Recusa ou desinteresse por atividades anteriormente apreciadas;
• Declínio no rendimento escolar ou redução da produtividade no trabalho;
• Fugas da escola e/ou casa.

Existe violência no namoro quando a pessoa com quem namoras:

• Perde facilmente o controlo quando está perante uma crise de ciúmes e promove a ideia de que ciúmes é sinal de amor;
• Impõem-se para escolher os teus amigos ou proíbe-te de conviver com determinadas pessoas;
• - Controla excessivamente os teus movimentos, querendo saber constantemente onde estás e com quem estás;
• Provoca-te insegurança, causando-te medo de expressar a tua opinião;
• Não é sensível às tuas necessidades nem dos teus amigos, focando-se nas suas próprias necessidades;
• Torna-se facilmente violento/a, não existindo um acontecimento específico que justifique tal reação;
• Quando se sente irritado/a facilmente parte objetos ou dirige a sua raiva para algo ou alguém;
• Fica agressivo/a quando obtém de ti uma opinião diferente da sua;
• Humilha-te, insulta-te, desvaloriza-te e ridiculariza-te em situações privadas e/ou públicas;
• Controla recorrentemente o teu telemóvel, as tuas contas de e-mail e redes sociais;
• Obriga-te ou persuade-te a ter relações sexuais contra a tua vontade;
• Culpabiliza-te pelas reações agressivas que tem e, em geral, pela sua forma de agir.

Sinais de Alerta – Se o teu parceiro:

• Controla o teu telemóvel – está constantemente desconfiado/a quando estás ao telemóvel e pede para ver as tuas mensagens, tira o teu telemóvel sem o teu consentimento, etc.
• Controla o que vestes
• Invade as tuas redes sociais – controla os comentários que fazes, as pessoas que segues ou as publicações em que fazes “gosto”.
• Faz perseguição – insiste em levar-te e em ir buscar-te a todos os sítios, controla os teus horários, telefona para a tua casa, amigos, família só ara verificar que estás com eles ou se é verdade o que lhe dizes; faz para se cruzar contigo apenas para controlar a tua rotina.
• Manipula relações – cria intrigas e conflitos entre ti e os teus amigos; proíbe-te de estar com eles; cria justificações para que te afastes deles.
• Ameaça-te com frequência, fazendo-te sentir responsável por todas as atitudes e comportamentos inconsequentes que tem.